Lisboa, 4 de novembro de 2025: O projeto RuídoLX, coordenado pela associação Vizinhos em Lisboa, revela no seu Relatório 2025 que o ruído urbano na capital ultrapassa sistematicamente os limites legais e sanitários, colocando Lisboa entre as cidades europeias com maior exposição acústica contínua.

Principais conclusões

Média global: 75,35 dB(A): cerca de 20 dB acima dos valores recomendados pela OMS. Período noturno: 75,5 % das medições excedem o limite legal de 55 dB(A). Entardecer (20h–23h): o pior período relativo: 81 % acima do limite. Pico máximo: 103,9 dB(A) registados junto a um autocarro da Carris. Freguesias mais críticas: Alvalade, Santo António, Areeiro, Arroios, Misericórdia e Avenidas Novas. Fontes dominantes: autocarros, motas, limpeza urbana, esplanadas e aviões.

Impacto e Saúde Pública

De acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, níveis acima de 55 dB(A) durante o dia e 40 dB(A) à noite aumentam o risco de stress fisiológico, distúrbios do sono e doenças cardiovasculares.

O estudo mostra que Lisboa nunca desce abaixo dos 60 dB(A): nem de madrugada.

“O ruído não é inevitável: é o resultado de escolhas urbanas e de gestão pública. A cidade precisa de passar do gestor do trânsito ao gestor da qualidade acústica urbana.”

Propostas-chave do relatório

Alargamento da rede permanente de sonómetros automáticos por freguesia, com dados públicos.

Zonas 30 e redução real de velocidade noturna.

Substituição integral das frotas municipais e da Carris por veículos elétricos.

Plano Municipal de Limpeza Silenciosa

Limite sonoro nas esplanadas e bares: 60 dB até 22h, 55 dB depois.

Criação de “Zonas de Silêncio” certificadas em bairros residenciais.

Metas 2026–2030

Reduzir o ruído médio noturno em 5 dB(A) nos eixos principais.

Diminuir de 88 % para menos de 60 % as medições acima do RGR.

Publicar dados acústicos em tempo real.

Eletrificar 100 % das frotas municipais até 2030.